Risco do fenol

 ÁCIDO FÊNICO NA PODOLOGIA
 
       Novamente estou alertando sobre os riscos aos quais os colegas estão expostos ao utilizarem o Ácido Fênico – também conhecido como Ácido Carbólico ou Fenol - como emoliente, cauterizador de verrugas plantar e granuloma piogênico, de forma indiscriminada.
       Você sabia que o(a) Podólogo (a), ao assinar o Termo de Responsabilidade de seu Gabinete ( espaço podoloógico), assume responsabilidade por tudo o que ocorre dentro do mesmo perante a Secretária da Saúde e sujeitando-se a responder criminalmente por qualquer procedimento indevido que cause danos à saúde de seus clientes?
       Pois bem, para quem ainda não sabe,  que o Ácido Fênico pode provocar desde um eritema até a necrose dos tecidos, dependendo do tempo de contato e da concentração das soluções, devido à sua propriedade queratolítica (rompe as pontes de enxofre da queratina) e conseqüente poder de absorção rápida pela pele, com possibilidade de causar severas queimaduras.  Tais lesões podem ser, inclusive, fatais!

       Soluções altamente concentradas de Fenol como emoliente?
 


       Obs: Dois (2) meses para desaparecer a queimadura do Fenol.
       O Fenol apresenta um caráter ácido (daí sua denominação: Ácido Fênico), sendo  irritante das mucosas, principalmente, das vias respiratórias e do globo ocular. 
       Após ser absorvido pelo organismo, é metabolizado no fígado e excretado pelos rins.  Desta forma, dependendo da quantidade absorvida, pode causar alterações funcionais e lesões nesses órgãos. Também podem ocasionar distúrbios digestivos, como náuseas e vômitos matutinos.
       Concentrações elevadas no sangue podem ter efeito tóxico no miocárdio, provocando taquicardia, contrações ventriculares prematuras, fibrilação atrial e ventricular por dissociação eletromecânica, além de afetar o sistema nervoso central.
       Na Podologia, infelizmente, alguns profissionais, acabam usando soluções altamente concentradas, por falta de orientação adequada e/ou por confiarem na qualidade de alguns produtos disponíveis no mercado.
       Geralmente, o profissional que opta por esse tipo de solução, tem o propósito de conseguir um amolecimento rápido e profundo da queratose, a fim de tornar seu trabalho mais fácil e ágil, desconhecendo os riscos a que expõe sua clientela.  Além da toxicidade do Fenol, como exposto acima, o excesso de amolecimento torna a pele enrugada e muito elástica que, à passagem do bisturi,  pode facilmente ser ferida.

        Principalmente, quando, inadvertidamente, se usa um instrumento sem afiação adequada, obrigando o(a) profissional a aplicar um pouco mais de força quando inicia o procedimento de desbaste.  Nesses casos, vencida a resistência inicial da pele, por esta estar excessivamente amolecida, o instrumento acaba cortando bem além do necessário e lesando os tecidos subjacentes, inclusive, vasos sangüíneos.
       Mesmo quando não ocorrem ferimentos, a pele pode acabar ficando com cortes ondulados, de aspecto feio, dificultando o acabamento estético.
       Fora tudo isso, existem situações em que o(a) profissional não pode usar o ácido fênico, em hipótese alguma.  É o caso, por exemplo, do uso em portadores de diabetes que apresentam, muitas vezes, pele bastante seca, alterações vasculares e neuropatia.  Nesses casos, os riscos de uma lesão tecidual são enormes e as conseqüências extremamente graves.
       Graças a pesquisas feitas por competentes profissionais de diversas áreas, em trabalhos multidisciplinares, temos hoje no mercado alguns produtos de alta qualidade, formulados a base de substâncias naturais, associadas a outras de ótimo poder emoliente e que não oferecem riscos à saúde .
       Nós, profissionais da área de Podologia, precisamos estar alertas na escolha dos materiais que utilizamos em nossos espaços podoloógicos.  Não podemos nos esquecer que, acima de tudo, somos prestadores de serviços na área da saúde, sendo fundamental o respeito aos preceitos éticos e morais que norteiam nossa profissão um dos quais é procurar estar sempre atualizado(a) e bem fundamentado(a) cientificamente, trabalhando com eficiência dentro de conceitos terapêuticos modernos, utilizando tecnologia de ponta e produtos de alta qualidade que ofereçam segurança aos nossos clientes,  buscando nos aprimorar através de cursos, Congressos, Seminários, Palestras, Publicações especializadas e trocando conhecimentos com outros profissionais da saúde, com os quais devemos atuar em parceria.
       Você colega, deve estar pensando agora:  mas eu uso o fenol a tantos anos e nunca tive problemas com isso...  Se não usar o Fenol, o que poderia usar no seu lugar?
       Bem, a questão não se resume no Fenol, pura e simplesmente, mas, como colocamos no início desse artigo, no seu uso indiscriminado, ou seja, no uso em todo e qualquer procedimento e/ou em altas concentrações.
       Por vezes, os efeitos tóxicos por exposição continuada a determinado produto químico, podem levar anos até que comecem a se manifestar.
       Quanto ao que usar em seu lugar, como já dissemos acima, existem hoje no mercado, produtos de alto poder de emoliência a base de substâncias naturais.
       Mas, para aqueles que optarem ainda pela Ácido Fênico, seguem aqui algumas orientações a fim de garantir um uso seguro para sua saúde e a de seus clientes:
       1 – Nunca use soluções com concentração superior a 3% de Ácido;
       2 – Ao preparar sua solução , faça-o em local bem ventilado, utilizando máscara e luvas;
       3 – Sempre faça teste de sensibilidade a substância nas primeiras vezes que for utilizá-la em novos clientes.  Lembre-se que uma manifestação alérgica pode não se manifestar na primeira vez que usar, uma vez que o cliente nunca ter entrado em contato com a substância. Nestes casos o sistema imunológico só responderá passado algum tempo e, eventuais reações só ocorrerão numa próxima aplicação do produto;
       4 – Use soluções fenicadas com critério e bom senso, só em casos de muita necessidade, dando sempre preferência a emolientes preparados a base de substâncias naturais;
       5 – NUNCA use fenol em: portadores de diabetes, em portadores de insuficiência renal ou hepática, na presença de úlceras ou em mulheres grávidas.

       Resumo das principais informações sobre o Fenol:
 

SINÔNIMOS

Ácido Fênico, Ácido Carbólico, Ácido Fenílico, Hidroxibenzeno

FÓRMULA QUÍMICA

C6H5OH

PESO MOLECULAR

94,11

ORIGEM

Obtido por extração do carvão da hulha ou por processos sintéticos

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Apresenta-se como uma massa cristalina branca (cristais em forma de agulhas), que se torna rósea ou vermelha quando não perfeitamente pura ou por ação da luz. Absorve água do ar e se liquefaz. Cheiro ativo e muito característico.

SOLUBILIDADE

em álcool, água, éter, clorofórmio e álcalis (bases).

PONTO DE FUSÃO

Aproximadamente 39º C

PONTO DE EBULIÇÃO

182º C. Torna-se líquido sob aquecimento, liberando vapor inflamável e altamente tóxico.

EFEITOS POTENCIAIS À SAÚDE

 

Inalação

Provoca dispnéia e tosse. A absorção sistêmica provoca danos ao fígado, rins e sistema nervoso central.

Ingestão

Provoca queimaduras intensas da boca e da garganta, dor abdominal acentuada, cianose, fraqueza muscular e coma. Podem ser observados tremores e contrações musculares. A morte pode advir por parada respiratória.

Contato com a pele

Pode provocar desde uma eritema até necrose e gangrena dos tecidos, dependendo do tempo de contato e da concentração das soluções. O maior perigo do fenol é a habilidade de penetrar rapidamente na pele, causando severas lesões que podem ser fatais.

Contato com os olhos

Pode provocar inchaço da conjuntiva; a córnea torna-se branca e muito dolorida, podendo ocorrer perda de visão

IDENTIFICAÇÃO DOS DANOS

Índices:

Saúde: 3 – severo

Inflamabilidade: 2 – moderado

Reatividade: 1 – leve

Contato: 4 – extremo

 

 

    Podologista / Pdgo Orlando Madella Jr

 

 

       Pdga Susana Saldanha da Gama Pina - Farmacêutica e Podóloga

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Podólogo Orlando Madella Jr.
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